segunda-feira, 23 de maio de 2011

Banal

Todos os dias nós vemos as pessoas morrerem. Vemos de maneira fria como se fosse uma notícia banal.

Até quando recebemos a noticia da morte de um ente querido em idade avançada encaramos de forma banal.

Ontem eu poderia ter encarado essa noticia de forma banal também.

 

Mas quando eu me deparei com ela, não era o banal que estava na minha frente.

Foi como se tudo parasse. O mundo parou de girar por um instante e as respirações de todos cessaram.

Somente eu e ela não paramos. Ela estava ali chorando e eu fiquei observando as lágrimas dela.

Fiquei observando seu sofrimento como se eu nunca tivesse visto alguém sofrer antes e de repente eu sofri junto também.

 

Eu lembrei de todas as coisas que nós vivemos perdendo durante a nossa vida.

Perdemos oportunidades. Perdemos empregos. Perdemos amigos. Perdemos parentes.

E assim perdemos amores também.

Quantas vezes eu fiquei chorando por pessoas que eu achava que eram grandes amores e eram na verdade, grandes idiotas?

Assim como eu já fiquei chorando por diversas vezes por pessoas que poderiam ter sido e não se tornaram grandes amores por algo que eu possa ter feito, algo que ele fez ou algo que a vida nos fez.

 

Mas e quando isso acontece com o amor da sua vida?

Não um amor que você acha o amor da sua vida. Mas alguém com quem você escolheu dividir a sua vida e efetivamente dividiu ela por mais de 60 anos.

60 anos que você dividiu não só sua vida, mas sua casa, sua cama, seus planos, seus caminhos, suas escolhas e porque não sua alma?

O que você pensa quando você perde este grande amor da sua vida?

E pior, o que você pensa quando uma metade sua vai embora sem querer ir embora?

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